A Garota de Ipanema

 

Vinicius de Moraes e Tom Jobim, sentados em uma mesa do antigo Bar Veloso - hoje chamado Garota de Ipanema - observaram Helô Pinheiro, na época com apenas 17 anos, a caminho da praia de Ipanema.

A letra foi escrita por Vinicius em Petrópolis e era originalmente chamada de “Menina que passa”. A melodia foi criada meticulosamente por Tom, que de início não era destinada para a música, mas sim para uma peça concebida por Vinicius que nunca saiu do papel. Posteriormente, quando Tom se encontrou com Vinicius nasceu a canção por completo.

Nasce a canção “Garota de Ipanema” em 1962, chegando a ser considerada o hino da Bossa Nova.

“Garota de Ipanema” foi apresentada pela primeira vez em um show na Boate Bon Gourmet, em Copacabana, no Rio. Na noite de estréia, em agosto de 1962, não se sabia o que viria após Tom dedilhar algo no piano e João Gilberto cantarolar:

“Tom, e se você fizesse agora uma canção / Que possa nos dizer / Contar o que é o amor?”
Ao que Tom respondia:
“Olha Joãozinho, eu não saberia / Sem Vinícius pra fazer a poesia…”
O poeta (Vinícius) pegava o mote e dizia:
“Para essa canção se realizar / Quem dera o João para cantar…”
E João Gilberto, incrivelmente modesto, completava:
“Ah, mas quem sou eu? / Eu sou mais vocês / Melhor se nós cantássemos os três…”
E os três:
“Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça…”

Helô não sabia que a canção havia sido escrita em sua homenagem. Apenas em 1965 que lhe foi revelado que era a musa inspiradora de Tom Jobim e Vinicius de Moraes para a composição que projetou a MPB para além das fronteiras brasileiras.

A letra foi interpretada, desde sua composição em 1962 até os dias de hoje, em português, inglês e vários outros idiomas pelos mais diversos e afamados cantores Internacionais, a exemplo de Frank Sinatra, Cher, Madonna, Amy Winehouse, além da banda de rock Sepultura e outros grandes  artistas brasileiros. A canção fora ainda objeto de uma versão instrumental para tema do filme Garota de Ipanema, de 1967.

Aqui o registro de Vinicius de Moraes para sua musa (Texto Divulgado por Vinícius de Moraes em 1965)
Aqui registrado o bilhete de Tom Jobim para sua musa

Para saber melhor a respeito dessa linda historia voce poderá ler a biografia de Helô no livro lançado pela Editora Aleph em 2013, data em que se comemorou os 50 anos da canção.

Capa do Livro “A Eterna Garota de Ipanema”, na contra capa do livro “Helo com os filhos” -Fotos: Luis Crispino

Prefácio do Livro “A Eterna Garota de Ipanema”- por Roberto Justus

Uma caminhada. Uma imagem. Uma inspiração. Foi o bastante para o grande poeta Vinicius de Moraes e seu fiel parceiro, o brilhante maestro Tom Jobim, conceberem a canção que iria mudar o rumo da MPB. Mais do que uma obra-prima que levou a Bossa Nova para todos os lugares do mundo, a música Garota de Ipanema também merece ser ovacionada pelos seus feitos com relação à projeção da marca Brasil. Os nossos grandes compositores não só nos brindaram com a beleza da melodia como promoveram o nosso país mundialmente. Aliás, muito mais do que muita campanha publicitária já tentou fazer.

Garota de Ipanema foi e ainda é cantada em dezenas de idiomas. Desde que faturou o Grammy de disco do ano, em 1964, a canção foi uma das mais interpretadas do mundo. Entre os grandes nomes da música internacional que a gravaram estão Frank Sinatra, Al Jarreau, Baden Powell, Diana Krall, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Louis Armstrong, Nat King Cole e Madonna. Um recorde absoluto! E olha que esse fenômeno ocorreu muito antes que a Internet passasse a propagar as notícias com uma velocidade jamais imaginada.

Agora, o fantástico dessa história toda, a meu ver, é que nada foi por acaso. Obra do destino é a melhor maneira de descrever o encontro de Vinicius e Tom com a adolescente Helô Pinheiro e seu “doce balanço a caminho do mar”. A eterna “garota de Ipanema” tinha que ser ela. Com seu sorriso doce e sempre presente, sua simplicidade e carinho com todos que a rodeiam, o tempo a tornou uma mulher ainda mais bela. Ao contrário do que poderia ter acontecido, a Helô nunca se deixou deslumbrar pela sua notoriedade que, seguindo a mesma trilha da canção, transcendeu as fronteiras nacionais. O que teria sido compreensível – afinal, ser a musa inspiradora de uma das obras mais conhecidas no mundo é fato raríssimo.

Mas, sem perder a doçura que encantou nossos poetas no bar Veloso, aos 17 anos, a Helô também se revelou uma mulher extremamente forte. Com uma garra extraordinária constituiu uma das famílias mais unidas e lindas que já conheci. Ao lado de Fernando, seu companheiro há 46 anos, enfrentou uma série de adversidades, mas nunca se deixou abater pela tristeza. Como seu genro, desde 2005, tenho a honra de compartilhar muitos momentos da vida da nossa “garota de Ipanema”. Nesse período, já a vi lidar com situações muito difíceis, com muita serenidade e, importante dizer, com muita coragem para encarar os desafios que vão aparecendo pela frente. Sempre muito amorosa com o marido, com os filhos, com as netas, com os genros e com os muitos amigos que foram se acumulando pela vida afora. Às vezes penso que Vinicius e Tom, além de talentosos, eram também profetas. Sem trocar uma palavra com a Helô Pinheiro, acertaram em cheio ao dizer que “por onde ela passa o mundo sorrindo se enche de graça. E fica mais lindo por causa do amor. Por causa do amor…”.

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